Auschwitz é uma viagem na história que mostra o que uma pessoa e outros humanos são capazes de fazer uns com os outros. Ajuda-nos a perceber o que a crueldade humana pode fazer e representa um período histórico muito importante. Auschwitz (ou Oświęcim, em polaco) é uma cidade a cerca de 60 km de Cracóvia, nós fomos de carro mas também podem ir de autocarro ou comboio.
Não basta querer visitar Auschwitz é preciso estar preparada, pois é um local triste com uma carga energética muito forte. Depois de estar no campo conseguimos perceber que acabamos por não sair as mesmas de lá. É algo que, mais cedo ou mais tarde, todos deveriam fazer.
Antes de entrar no campo atravessamos o edifício de segurança que nos leva até a porta de acesso ao campo. Ao passar a porta temos a real sensação de que "começou". Lê-se ao fundo a frase "Arbeit Macht Frei" ("O trabalho traz a liberdade"), a expressão conhecida por estar colocada nas entradas dos diferentes campos durante a Segunda Guerra Mundial. Sente-se um misto de emoções, algo arrepiante, um pouco desconfortável ... é como se o local tivesse conservado o medo. Não é algo fácil de explicar cada um terá a sua percepção ao estar em pleno Auschwitz.
Optamos por fazer a visita sozinhas, sem um guia, enquanto se percorre os diferentes quartos são diversos os pensamentos e emoções que atravessam a mente. Até aquele momento era algo de que só tínhamos conhecimento mas que "agora" estava bem à nossa frente. Tudo o que poderíamos ter imaginado (que lemos nos livros e vimos em filmes) é bem mais "pesado" e pior na realidade. Muitas pessoas morreram em Auschwitz, judeus, russos e polacos perderam a vida por causa da má nutrição, da fadiga, das más condições de vida, dos crematórios e das câmaras de gás.
Auschwitz está quase totalmente intacto do que era na década de 1940. Mantém-se um lugar sombrio, desolado e triste, vazio de qualquer delicadeza e conforto. Um lugar que precisa do maior respeito das pessoas que o visitam diariamente. No local temos acesso às centenas de latas que armazenavam o gás mortal, é possível percorrer os corredores da cave onde se encontravam as câmaras de gás e entrar no crematório. Em cada sala uma nova história de terror sobre aqueles que lá estiveram, um choque de realidade.
Os seus edifícios de tijolo limpos e fortes não passavam completamente o que em tempos fora o espaço das mais diversas atrocidades e a crueldade vivida pelos milhares de pessoas assassinadas. A imensidão de pertences que o comprovam é algo inexplicável! Havia roupas, óculos, panelas, malas, bonecas para crianças, sapatos e cabelos das pessoas. Como é que alguém é capaz de fazer aquilo? Até às pobres crianças? Os pertences das crianças é algo que mexe, ainda mais, com o nosso interior.
Auschwitz estava silencioso e tranquilo, enquanto caminhávamos pelo campo caiam os primeiros flocos de neve, que tocavam no nosso rosto como se de lágrimas que congelaram no tempo se tratasse. O chão ficava repleto de neve, a pouco e pouco, e com o frio dava à visita um cariz diferente, mais gélido e memorável, no sentido em que nos fez "viver" (em muito pequena escala) as baixas temperaturas a que as pessoas estiveram expostas numa altura em que o inverno era bem mais rigoroso.
“THOSE WHO DO NOT REMEMBER THE PAST, ARE CONDEMNED TO REPEAT IT”
Perto de Auschwitz existe um outro campo, Birkenau (ou Auschwitz II), a cerca de 1km de distância. Birkenau foi quase totalmente destruído, só restam alguns edifícios mas os sentimentos vividos não são diminuídos por isso.
No próximo post falamos um pouco de Birkenau, o segundo campo não menos importante que Auschwitz.